DESMISTIFICANDO A INFORMÁTICA


INTRODUÇÃO


Antes de ler o texto a seguir, respire fundo, abra sua mente e tente esquecer tudo o que já lhe falaram sobre marcas, modelos e equipamentos. Principalmente o que os fabricantes, as campanhas publicitárias e os vendedores dizem.
Se preferir, pode ainda meditar um pouco, pôr algum CD de new age...


Mito número um: "marcas tradicionais fazem sempre o melhor, indiscutivelmente."

Antes de comprar um equipamento, um componente, ou periférico, pesquise muito antes, pra garantir que você não está gastando dinheiro à toa só pra ter um aparelho de alguma marca ou modelo famoso.
Eu trabalhei cerca de dez anos com a plataforma Macintosh em casa e de repente resolvi mudar de plataforma (o que eu chamei de Projeto Anubis... Anubis era o "deus guardião dos mortos" para os egípcios e o desafio de converter quase tudo o que eu já havia desenvolvido de uma plataforma para outra seria como passar de uma vida para outra). Então me deparei na época com "unanimidades" muito estranhas no mercado de PCs e aí, reuni uns 11 especialistas, cada um numa área e pesquisei com a ajuda deles por uns 6 meses, comprando componente por componente para montar um computador que atendesse exatamente as minhas expectativas.
Durante essa pesquisa, descobri que muitas das unanimidades não passavam de "balela", "lendas urbanas", pois os tais componentes não atendiam as minhas exigências.
Quase nenhum dos componentes principais dessa máquina eram de marcas ou modelos "tradicionais" e o desempenho final dela quando terminada, era o dobro de uma outra, montada com os componentes "da moda'.


Mito número dois: "as placas-mãe onboard são ruins."

De fato, houve época em que isso era uma verdade quase que absoluta e o mito se mantém, embora sem sustentação nenhuma além do fato de você poder trocar os componentes da tal placa com maior facilidade.
Naquela época, as placas-mãe onboard, não passavam de placas comuns, com placas de periféricos e interfaces já montadas na placa-mãe (eu prefiro chama-las de motherboard).
Hoje, o conceito não é muito diferente, mas naquela época, os circuitos não eram VLSI (Very Laege Scale Integration) como hoje, ou seja, apesar de ainda as chamarmos de "onboard", elas são na verdade, "onchip". Isso mesmo! Fica tudo dentro de pouquíssimos chips.
Naquela época, a habilitação e desabilitação desses componentes era feita por straps (jumpers) ou na melhor das hipóteses, por microswitches.
Ambos podem oxidar, dilatar e estarem sujeitos a mau-contato, comprometendo a estabilidade do hardware.
Hoje, essa habilitação é feita por software, ou seja, as placas "onchip" são mais estáveis e confiáveis.
E não adianta procurar por placas "offboard", porque os processadores modernos geralmente trabalham em conjunto com dois VLSI, apelidados de "North Bridge" e "South Bridge", e que comumente já possuem interfaces "onchip" como USB, rede, portas seriais e paralelas... tudo embutido.
Em suma: Na prática, essa diferenciação de placas "onboard" e "offboard" não existe mais. O que ainda existe é "periférico" onboard ou offboard.


Mito número três: "os vendedores sempre sabem do que estão falando."


Faça a seguinte experiência: estude profundamente um software mais ou menos comum, que execute um tipo de tarefa específico. Algo como ilustração ou música.
Aí, vá a uma feira de informática, procurar o estande do fabricante do tal software.
Nele, procure algum vendedor (geralmente as mulheres bonitas de minissaia estão lá apenas pra chamarem atenção.)
Procure perguntar coisas difíceis de ele responder, como "ele tem tal recurso?" ou "ele é compatível com aquele tipo de arquivo?"
Depois, procure um camelô desses que vende um monte de software pirata nas ruas e faça a mesma coisa.
Você pode se surpreender com a quantidade de conhecimentos técnicos sobre o software ele pode ter.
É óbvio que na internet você pode obter mais informação do que com os vendedores e isso pode ser uma arma poderosa para driblar "verdades absolutas".


Mito número quatro: "quem divulga experiências com componentes estão sempre certos."

Nem sempre. As circunstancias podem alterar dramaticamente os resultados.
Informe-se primeiro se sua fonte de informação não tem algum interesse na divulgação das tais experiências pró ou contra este ou aquele componente.
É bastante comum vendedores de uma loja não terem um componente de uma marca e deprecia-la em pró da que ele tem para comercializar.
Depois, veja se eles seguiram rigorosamente as especificações do fabricante.
Informática parece religião ou partido político de vez em quando... e as pessoas muitas vezes têm preferência por esse ou aquele produto muito mais por questão de "crença pessoal" do que por bases técnicas.


Mito número cinco: "marcas atribuídas a grandes fabricantes não significa que estas sejam melhores." (Vide: Terceiro Postulado de Picolo)

As grandes montadoras (como Dell, HP, etc.) compram componentes em grandes quantidades. E os fabricantes desses componentes não são bobos: sabem que se divulgar seu logotipo no gabinete de um grande fabricante, vai vender muito mais o seu produto.
Então o que eles fazem é oferecer os seus componentes para as montadoras com um grande desconto se esta concordar em colar um adesivo no gabinete para constar que este usa este ou aquele de seus componentes. E quanto maior a capacidade de demanda do fabricante de componentes, maior o desconto que este pode dar em grandes quantidades de componentes comprados.


Resumindo

Informação é tudo o que você precisa para decidir por esta ou aquela compra.
E para ter informação, você precisa pesquisar muito e saber como este ou aquele componente funciona para que, das opções disponíveis, você possa fazer o "casamento" que mais satisfaça as suas reais necessidades.
Não se iluda com campanhas publicitárias ou papo de vendedor. É a sua opinião que vale pra você!



(Este texto pode ser publicado total ou parcialmente, desde que citada a autoria de Claudio H. Picolo)