DIGITALIZAÇÃO DE IMAGENS

Parte 1 - O Básico:

Há quem veja programas de televisão mostrando produtos milagrosos que fazem tudo rapidinho, lindo, maravilhoso, fácil e barato... Não se iluda: a realidade é bem diferente do que é apresentado pelos vendedores e "camelôs eletrônicos"...

As técnicas de digitalização de imagens têm sido forte alvo desse processo de "vulgarização" ao longo dos anos, devido à crescente modernização dos equipamentos e desenvolvimento de hardware e software cada dia mais poderosos e fáceis de usar. No entanto, as técnicas básicas (e mais importantes) de digitalização de imagens estão sendo deixadas de lado por "se achar" que os aparelhos fazem tudo por si só.

Desde a modernização das câmeras digitais, os scanners perderam seu "império" como os grandes geradores de imagens digitais de alta resolução. No entanto, as câmeras digitais são resultado de uma evolução de um dos mais antigos processos de digitalização de imagens que se conhece.

No passado, o processo de digitalização de imagens usava uma câmera analógica, ligada a um conversor analógico-digital especial que passava as imagens para o computador.

Fácil? Nem tanto.

Os "digitalizadores" como eram chamados esses conversores analógico-digitais eram muito lentos e geralmente só capturavam imagens em preto e branco, porque detectavam níveis de sinal. E ainda assim, apenas alguns níveis de sinal.

Um exemplo desse tipo de digitalizador, foi o NewTek DigiView Gold, que conseguia discernir apenas 16 níveis de intensidade de sinal (4 bits). Esse digitalizador ficou muito popular entre os computadores Amiga, no começo da década de 90.

Ao lado, os três componentes de cor de uma imagem digitalizada pelo DigiView Gold. No quadro maior, a imagem final.

Para conseguir as 4096 cores (12 bits) que o computador Amiga conseguia processar na época, era necessário digitalizar 3 imagens (de sinal diferente, ou seja, devidamente filtrados) e combinar as informações de bits. Cada imagem dessas, chamamos de "canal de cor".

12 bits de cor = 4 bits para o canal vermelho + 4 bits o canal verde + 4 bits o canal azul.

Hoje, normalmente se usa 24 bits, ou seja, 8 bits por canal, que totalizam 16.777.216 cores.

Fora isso, a resolução era muito pequena e limitada pela memória de vídeo do computador, feita para "imitar" (a grosso modo) a resolução do sinal de vídeo captado pela câmera.

Ah! Detalhe: para filtrar o sinal correspondente a cada canal de cor, a imagem captada pela câmera, tinha de ser filtrada fisicamente através de filtros coloridos que pareciam filmes de celofane.

Esse processo pode parecer desajeitado, mas era um dos métodos mais baratos existentes para a época.

Vídeo por esse processo... Só quadro a quadro, um canal de cada vez e levava uma "eternidade" para digitalizar cada canal de cada quadro.

Parte 2 - As más notícias:

Hoje, os digitalizadores mais comuns "filtram" digitalmente a imagem e conseguem resolução de vídeo inteiro (640x480 pixels), a 30 quadros por segundo em 24 bits e os scanners... mesmo os mais baratos são capazes de captar imagens com resolução para impressão final em tamanho natural.

No entanto, apesar da evolução tecnológica, as pessoas que não acompanharam todo o processo, em geral, têm muita dificuldade em digitalizar corretamente a imagem para o fim a que se propõe.

Infelizmente, é muito comum as pessoas digitalizarem imagens em resolução abaixo da necessária (geralmente por acharem que "qualquer" câmera digital gera imagens com resolução suficiente para tudo), sem quantidade de informação suficiente para trabalho de detalhes principalmente nas áreas mais claras ou mais escuras da imagem, "puxando" para uma ou outra cor (color cast), ou gravando os arquivos em formatos com excesso de compressão.

Isso tudo dificulta (e muito) um bom trabalho de tratamento de imagem e consequentemente, compromete seriamente o resultado final.

As imagens ao lado, servem para se mostrar os efeitos da compressão JPEG no armazenamento de arquivos:

A imagem A representa a foto original (aliás, uma imagem já préviamente comprimida, que baixei de um site), que pode ser vista ampliada logo abaixo, na imagem B.

A imagem C é a mesma foto, comprimida com o fator de qualidade 1, que apesar de gerar arquivos menores, a perda de qualidade tanto em informações de cor, como em detalhes é significantemente alta, como se pode verificar claramente na ampliação (imagem D).

Não há como recuperar essas informações PERDIDAS pela compressão de dados!

Se o seu dispositivo gerou imagens assim e você espera algo melhor... esqueça!

O fato é que, com a evolução tecnológica, a quantidade de recursos tem aumentado, deixando os usuários finais inexperientes, cada dia mais "perdidos" entre a infinidade de recursos disponíveis.

Recursos como gerenciamento de perfis de cores e correção automática de imagem têm levado inclusive profissionais sérios a resultados desastrosos com frequência cada dia maior.

Com o tempo, os equipamentos conseguirão gerar imagens muito melhores que as que geram hoje, mas até lá, nada como saber o que se está fazendo ao invés de "quebrar a cara", não?

(Este texto pode ser publicado total ou parcialmente, desde que citada a autoria de Claudio H. Picolo)