SOFTWARE ALTERNATIVO: ESCOLHA CERTA?


Se alguém lá por volta de 1995 me dissesse que dá pra montar um sistema inteiro para escritórios, do sistema operacional, à planilha eletrônica, com desempenho igual ou superior aos sistemas comerciais, de graça, eu não acreditaria.

Hoje, isso não só é uma realidade como está sendo adotado em muitas empresas.

Os chamados softwares "de código aberto" estão ganhando espaço cada vez mais rápido pela confiabilidade, segurança, simplicidade e eficiência.

O que antes era experiência de estudantes, tratado até por Bill Gates como se fosse roubo, hoje tem aplicações sérias e rivaliza com os softwares comerciais, substituindo-os muitas vezes com grandes vantagens.



AS BOAS NOVAS

Você pode por exemplo, facilmente formatar o HD de um PC comum, desses já "não muito novos", instalar alguma distribuição Linux como o Mandrake (que considero um dos mais fáceis de usar para usuários comuns), ou o moderno e simples Ubuntu, instalar o Mozilla web browser (que também serve para gerenciar contatos, e-mails e até fazer sites inteiros, entre outras coisas), ou em seu lugar, usar o Mozilla Firefox (web browser) e o Mozilla Thunderbird (cliente de e-mail muito mais seguro que o MS-Outlook) e um OpenOffice, para substituir (com uma série de vantagens, diga-se de passagem) os tradicionais (e caros, muito caros) pacotes MS-Office, terá um sistema simples, rápido, bem mais seguro e enxuto, numa máquina que você já tem, ou seja, sem precisar troca-la para poder rodar alguma versão mais nova do pacote MS-Office ou mesmo um sistema operacional Windows mais moderno...

Mas as vantagens não param por aí.

O software de código aberto, geralmente tem versões para multiplas plataformas e é muito semelhante em todas elas. Você pode por exemplo, aprender a usa-los no sistema operacional que você já usa, e depois usar "o mesmo software" em outro sistema operacional, coisa que nem sempre é possível em sistemas comerciais. E se não tiver, você ainda poderá baixar o código-fonte e recompilar o software para rodar em seu sistema operacional, sem ter de investir mais dinheiro na compra de uma máquina só para rodar esse ou aquele programa...

Além de não pagar nada pelo software e não dever nada pra ninguém, você poderá ainda gravar seus arquivos em formatos compatíveis com o MS-Office, bem como ler os arquivos já feitos (embora alguns recursos proprietários não sejam interpretados da mesma maneira), ou seja, acabou a desculpa de que você tem de usar obrigatoriamente o mesmo programa que "todo mundo usa", mesmo que não tenha dinheiro para compra-lo, se arriscando com cópias de orígem questionável.

O sistemas abertos, em geral, são muito menos suscetíveis a pragas cibernéticas como vírus e macros nocivos e ainda podem ser analisados por qualquer um quanto à segurança dos mesmos quanto a eles conterem spywares, coisa que acontece com freqüencia em sistemas comerciais que aliás, bradam aos quatro ventos que "são seguros" quando na verdade podem estar espionando o que você está fazendo.



AS MÁS NOTÍCIAS

Nem tudo são flores.

Desconheço até o presente momento, qualquer coisa no mundo do código aberto que se assemelhe ao Adobe Photoshop para tratamento de imagem. Fala-se muito no GIMP, mas ele não faz separações CMYK, nem vem com algum utilitário para calibrar o monitor.
Creio que o mesmo ocorre com o StudioVision Pro, um software para composição musical em Midi que considero praticamente "imbatível" (e que só existe para a plataforma MacOS).
Em outras palavras: os sistemas alternativos ainda não alcançaram certos nichos de produção digital, como áudio, vídeo e pré-impressão, por exemplo. Mas estão a caminho disso, embora ainda não pareça ser uma prioridade... Questão de tempo.

A configuração de sistemas de Linux, nem sempre é tão simples, exigindo muitas vezes a contratação de serviço especializado para efetuar a instalação, configuração e a devida manutenção. Mas isso no mundo corporativo, normalmente ocorre com outros sistemas operacionais também.

Outro problema difícil de resolver é que os usuários comuns geralmente odeiam aprender coisas novas e tendem a fugir do que não conhecem, considerando muitas vezes o software alternativo como "improdutivo", ou "ruim", ou ainda dizendo que "não é o que todo mundo usa", sem sequer experimentar essas soluções.
E tem mais: convém lembrar que NÃO EXISTE o pacote MS-Office para workstations UNIX, plataforma muito comum em instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, assim como para qualquer distribuição Linux ou BeOS, por exemplo.

Todo processo de migração exige um certo desprendimento por parte do usuário, em aprender coisas novas, mas nem sempre os usuários estão dispostos a isso. Talvez exatamente por isso as empresas têm buscado cada dia mais profissionais capazes de se adaptarem com facilidade a novas realidades.
Em outras palavras, usuários pouco maleáveis, terão muito menos espaço no mercado profissional.

Os sistemas abertos ainda têm um outro problema: não se pode pensar em Linux como um sistema operacional e sim como uma corrente de sistemas operacionais, ou seja, existem centenas de distribuições diferentes de Linux, quase todas incompatíveis entre si, forçando um estudo bastante profundo das opções disponíveis para a escolha do mais apropriado para cada caso. (Vide http://www.linux.org/dist/index.html onde existe uma lista de distribuições Linux registradas.)


O FUTURO

Os sistemas comerciais tradicionais continuarão existindo, mas não serão mais a única alternativa. A idéia do software gratuito veio para ficar e os preços extorsivos de certos fabricantes de software tenderão a cair, de um jeito ou de outro.

Os usuários que se adaptarem , terão um diferencial fortíssimo no mercado que cada vez mais exigirá esse tipo de experiência.

Entidades governamentais estão optando pelo software de código aberto, em razão do preço e da segurança de informação que o código aberto posibilita.

Outros sistemas operacionais alternativos estão sendo desenvolvidos e alguns têm forte tendência de ser o que o Linux (ainda) não é: padronizado (possibilitando o surgimento de pacotes comerciais para estes) e perfeitamente compatíveis com as necessidades de simplicidade da maioria dos usuários.


(Este texto pode ser publicado total ou parcialmente, desde que citada a autoria de Claudio H. Picolo)